17 anos e não fugi de casa. Entrei na faculdade e não me mudei pra República nenhuma. É aqui mesmo, onde nasci e cresci que pude realizar meu sonho de menina. Amedrontada, meio confusa, pensando saber quase tudo quando não sabia quase nada. Foi assim que abri as portas da universidade para o meu mundo ainda adolescente. Letras? Jornalismo? Ciências Biológicas? Engenharia de alguma coisa? Hem?Ah, sou comunicativa, gosto de escrever... é... Jornalismo mesmo. Mesmo? Não sei.
O fato é que escolhi Jornalismo e fiquei perplexa ao me ver na lista de aprovados. Isso porque estava eu no apogeu de minhas descobertas sobre o mundo. Eu queria cerveja, queria música, queria dançar, e também queria passar no vestibular. Parece impossível, mas não é. Cá estou eu! Tudo é diferente quando sentimos. E eu me senti tão diferente quando vi que tudo não era aquilo que eu idealizava. Dentre os olhares estranhos que pareciam me fuzilar, eu queria expressão,e menos pressão. Queria sentimento, menos objetividade. Não queria cobrir ou noticiar qualquer momento. Queria que as coisas acontecessem ao meu tempo. Mas infeliz ou felizmente, nada é assim.No início eu chorei, quis largar, quis trancar, quis fazer tudo pra não fazer nada que não me fizesse feliz. Mas as pessoas mudam, e como mudam! Hoje eu penso de uma outra forma. Penso que em tudo que fazemos há algo com o qual nos identificamos, basta olharmos com os olhos de quem realmente vê. E dessa forma vou me encaixando, ou tentando me encaixar, focando aquilo que há de bom dentro de algo que me confunde intensamente.Às vezes penso que quero voar além do meu universo. As vezes nem sei se estou mesmo em um universo que posso chamar de meu.Sei apenas que já não tenho mais 17 anos e agora já penso em fugir de casa, fugir de cidade, quem sabe até de país...e depois voar...