Futilidade. Pra isso há cura? Uma mágica medicinal? Um ritual, talvez... Ou um preenchimento de espírito que funcione como tal, pelo menos uma vez? É triste ver como pessoas transformam-se em coisas e transformam coisas em valores. É estranho ver que os sentidos estão intimidando os sentimentos. Sim! As pessoas vêem muito mais do que sentem. Será que estão banalizando a essência do olhar? Preferem tatear realidades pecuniárias do que tocarem devaneios que não se vendem. A valorização de um mundo esteticamente perfeito está deixando as pessoas mais feias, controverso isso, não?
O fato é que interior e exterior deveriam complementar-se e não compensarem um ao outro. A valorização excessiva da imagem vem banalizando as atitudes e mudando as ideologias. Meu medo é que a luta pela aparência perfeita ofusque a luta pelos verdadeiros ideais. Sinto que a mudança dos paradigmas da sociedade está formando pessoas mais superficiais. Maquiagens e acessórios parecem mascarar uma sociedade que diz não precisar mais do amor. Mas, se não o amor, o que essas pessoas buscam de si próprias? Amor próprio? Mas aí elas se amariam do jeito que são! Ou não?
Estranho como até na futilidade e nas coisas aparentemente banais encontramos dilemas de personalidade e ideologia. Observo as pessoas e fico sempre me questionando se elas procuram e valorizam a beleza porque se acham feias demais ou porque se sentem mais bonitas do que a beleza clichê. Será que elas pensam que terão um tratamento melhor se parecerem mais ricas e bonitas? Será que elas realmente terão? Tais incógnitas serão sempre incógnitas, mas não consigo me apegar a isso. Para mim, temos, de cada um, o que merecemos. Temos o que somos, somos o que temos por dentro. Por dentro! Não por dentro do bolso, nem por dentro do guarda-roupa, muito menos por dentro do carro. Somos o que temos dentro de nós. E o que será que nós temos?